Desde o meio da quarentena mais estrita aqui no Rio, tenho sido convidada a recomeçar a minha vida, em todas as suas áreas. Na minha cabeça, eu sempre estive aberta à mudanças. Mas, pensando bem, esses convites não pararam de chegar desde o final de 2016. Mas pq será que mesmo me sentindo aberta à mudanças, as coisas não estavam se movendo?
Foi fazendo essa pergunta que eu descobri que havia algo em que eu me prendia e por isso não mergulhava fundo na minha mudança de vida. Era a minha reputação. Veja bem: reputação que eu achava que tinha, não que necessariamente eu tinha.
Como o novo sempre assusta, eu tinha receio de ser convidada a fazer mudanças que colocasse em xeque a imagem que eu tinha de mim mesma, sobre as minhas crenças, a minha vida e o meu trabalho. Quando surgia a ideia de mudar completamente de carreira, por exemplo, já vinha na minha cabeça um pensamento: “imagina, deixar de lado todos os meus estudos em tal área para seguir isso…” ou então, “não me imagino fazendo isso, o que todo mundo vai pensar?”. Detalhe: esses pensamentos vinham mesmo eu me considerando uma estudiosa de mim mesma desde 2013 (mais uma reputação que construí pra mim).
Foi então que eu percebi que a minha vontade de me reinventar, de revolucionar a vida, estava presa no medo de ver ruir a imagem que eu construí de mim mesma. Perder isso parecia que seria muito doloroso, como perder o meu passado e os meus sonhos para sempre, como perder a mim mesma.
Mas, venho percebendo que é necessário abrir mão da nossa reputação (vinda da nossa cabeça ou do mundo) para se abrir totalmente ao novo, deixando esse holograma de nós mesmos no passado. Só assim ficaremos livres para criar o presente e o futuro. Não fazendo esse trabalho de deixar ir, vamos apenas repetir escolhas, hábitos, conceitos e relações que já podem estar defasadas em nossa vida. Vamos estagnar de forma dolorosa, afinal “toda dor vem do desejo de não sentir dor”.
Tenho vivido exatamente isso: a necessidade de me liberar do passado onde já fui tantas coisas legais para me fazer livre e desempedida para criar o meu presente/futuro sem pré-conceitos e sem essa pressão de continuar sendo incrível como pensava ser.
Assim, eu desejo que a nossa reputação não seja a algema que prende nossas mãos e os nossos pés, nem a venda que encobre os nossos olhos e nem a mordaça que impede a manifestação da nossa Luz no mundo. Que ela seja apenas capítulos honrados da nossa história.
Com amor,
Grazy.
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