
O Sol entrou no signo de Peixes nessa manhã. Sim, nessa manhã de sábado em que acordei inúmeras vezes sob o efeito das cervejas da noite anterior. Era um convite. Um convite que não posso recusar.
No dia 20 de março, o sol entra no signo de Áries, começando um novo ciclo, encerrando o anterior, o ano novo astrológico. Então, esse convite irrecusável é latente: faz-se necessário despachar a bagagem dos últimos 12 meses. É primordial acreditar no fluxo natural da vida, esse eterno ritmo impermanente que nos faz evoluir.
Há 12 meses eu vivia uma época de grande prosperidade material. Estava me preparando para fazer uma viagem ao Rio para me certificar com uma escritora e coach que admiro, estava tendo muitos trabalhos, realizando muitas ideias, tudo ia bem! Mas, após o dia 20 de março de 2016, muita coisa mudou.
Com a minha volta a Pelotas no final de março, meu relacionamento sofreu um grande baque. Toda a minha vida estruturada foi ao chão. Era o início do fim. Eu chorei, eu gritei, eu saí de casa, eu vivi pela primeira vez a raiva de forma clara, eu tirei forças de mim mesma, eu vi o choro da pessoa que amava. Me senti impotente, ferida e feri… Tudo estava indo bem, e de repente, eu me vi a beira de um abismo emocional que já havia dado seus avisos, mas eu não conseguia ouvir. Com tudo isso, fiquei muito doente. Me senti sozinha, esquecida, parecia que nada mais fazia sentido. Pedi ajuda, fui ajudada, como se minha mãe estivesse lá. Um alento diante de tudo isso.
Os vários compromissos profissionais não me permitiam tirar folga. Resolvi encarar as situações dificíes e tentar mais uma vez. Não foi fácil. Sou o tipo de pessoa que tenta até a última ideia, a última chance. Me esgotei, dei tudo de mim, mas não havia mais nada aqui dentro. E não sobrou nada. Fui morar num paraíso, como um último “golpe de mestre” salvador. Foi uma das experiências mais incríveis, solitárias e libertadoras da minha vida. Fiquei em silêncio por mais de três dias, me descobri de diversas formas, completei 26 anos, me dei um anel de coco como aliança, experimentei o carinho que o Universo é capaz de nos dar quando permitimos. E ali mesmo, tudo ruiu. Tudo acabou, tudo foi embora. E mais uma vez, tirei forças de mim mesma, pedi ajuda, fui ajudada… nunca me senti tão cuidada.
Tive que retornar ao Sul inúmeras vezes para compromissos profissionais. Precisei ser forte, engolir o choro, enxugar rapidamente aquela lágrima que insistia em cair. Aprendi a ser senhora de mim mesma. Resolvi antecipar meus planos e voltar a viver no Rio em novembro. Fiz toda a mudança, voltei ao Rosa, tive um momento de folga e de respiro. Ali percebi que não sabia mais o que queria fazer da minha vida.
Muitas vezes sonhamos em ser livres. Eu não tinha nada me prendendo, eu era livre. Mas, o que fazer quando temos a liberdade que tanto sonhamos? Existia um vazio, estava oca. Não sabia o que fazer. Simplesmente abri meu coração, vendo o sol nascer no primeiro dia que voltei ao Rosa. Pedi ao Universo que me guiasse, que me mostrasse o caminho que deveria seguir. Pouco tempo depois me vi indo embora de lá, me despedi de cada árvore do Caminho do Rei com um olhar saudoso. Eu sabia que sentiria uma saudade enorme daquele lugar. Realmente sinto. Mas, existia em mim uma certeza serena de que precisava voltar a viver na Cidade Maravilhosa. Voltei.
Cheguei aqui sem saber o que fazer, tantas dúvidas sobre a minha carreira, sobre quem eu era, sobre como era ser solteira depois de tantos anos de relacionamentos. Resolvi “tirar férias”, chegar com calma, dar tempo ao tempo para me adaptar. Foram três meses intensos. Vivi tudo que precisava viver! Essas férias terminam nesse final de semana. Chegou a hora de despachar a bagagem. Estou aqui.
Tem sido um aprendizado diário com velhos professores. Como a vida pode mudar tanto em pouco tempo? Como uma hora você está em uma cultura e em outro momento se depara com outra? Como tudo passa e ao mesmo tempo, tudo permanece? Como saber quem se é no meio de tudo isso? Como estabelecer uma rotina? Como não esquecer o caminho do seu templo interior?
Agora estou aqui, escrevendo esse texto como se estivesse chegando para fazer um check in e despachar a mala. Compro um bilhete, apresento minha identificação, entrego minhas malas pesadas e gastas. Elas estão aqui. Dou tudo… tudo que fui, o que quero ser e o que de fato sou; os sonhos, as marcas na minha história, as minhas necessidades e desejos. Agora, parada diante de quase 800 palavras, me despeço delas. Podem seguir seu caminho. Agora, eu vou seguir uma nova viagem. Para isso preciso estar leve.
Temos um mês para isso… alguém aí também possui malas para despachar? Sempre tem alguém que pode nos ajudar a entregar!
Com amor,
Grazy
Foto: Luana Schulz
Nossa Grazy !!! Acompanho a um tempo teu trabalho <3 Amei esse teu post, senti a verdade e o teu crescimento ao longo dessas palavras. Espero de coração que tu seja muito feliz que sempre tenhas motivos para sorrir e segui !
Minha linda, muito obrigada por você estar sempre por aqui! Me sinto honrada pela sua companhia e torcida!
As coisas estão se acertando, tudo dará certo! e eu espero poder compartilhar isso com você em breve! 😉
Obrigada mesmo por tudo! <3
oiiii , que bom ler o blog de novo bjs
Oi!!!! Sim! Estou voltando aos poucos!
Em breve teremos novos posts!
Te espero sempre aqui! 😉